Minhas crianças

Já postei esse texto no meu blog pessoal e decidi postá-lo aqui hoje por ter me sentido especialmente tocada pelas minhas crianças no fim de semana que passou. Como algumas pessoas sabem, sou voluntária do abrigo de crianças Lar Doce Aconchego, onde no presente momento se encontram 13 crianças que estão afastadas da família por algum motivo (abandono, maustratos, exploração...) e estão sob a guarda da Justiça. Então, quero compartilhar com vocês o gosto que tem esse trabalho maravilhoso onde eu recebo muito mais do que dôo.

As minhas crianças têm sonhos, têm alegria, têm esperança. Elas já conheceram algumas amarguras da vida, o que, de certa forma, as deixa um pouco em "posição de defesa", muitas vezes mostrando rebeldia. As minhas crianças são estrelinhas, mas a lua não quis ficar ao lado delas para tornar o céu mais bonito...

As minhas crianças se entregam facilmente ao calor de um abraço e é impossível não se deixar envolver por aqueles sorrisos quebrados.

- Tia, faz pra mim um avião? - pediu uma delas pra mim um dia. Fiz-lhe um avião de papel, entreguei-lhe e aí perguntei:

- E para onde você vai neste avião?

- Eu vou lááááá pro céu, pra perto da lua, respondeu-me.

Desse dia em diante não houve mais visitas minhas sem aviões de papel. Talvez seja uma forma das minhas crianças ficarem mais perto da lua, que não as quis.

As minhas crianças são espertas. Dão sorrisos oportunos e escândalos por causa de um brinquedo. Elas merecem respeito, como todo ser humano. Uma delas, em especial, desperta, em quem a vê, todos os bons sentimentos imagináveis, dentre eles, o amor, o carinho, o cuidado e o perdão. Sim. O tal do perdão... Não é nada fácil pra um coração ver o sofrimento de uma criança, conhecer os culpados e saber perdoá-los. Mas aprendi com as minhas crianças que o mais feliz é aquele que não guarda rancor, que briga com o colega agora e em menos de 3 minutos vai lá pra perto dele inventar uma nova brincadeira.

As minhas crianças não sabem, mas elas têm me feito crescer. Elas já me ensinaram a valorizar cada pequeno momento que tenho ao lado de algumas pessoas. Aliás, elas me ensinaram a agradecer a Deus a todo instante por eu ter certas pessoas, por eu ter as pessoas certas. Elas me ensinaram o valor que tem um abraço e me mostraram a linha tênue entre receber de presente um sorriso e ter um dia maravilhoso. Elas me ensinaram que a recompensa do trabalho voluntário é muito mais valiosa que a que qualquer dinheiro pudesse pagar.

E eu continuo aprendendo mais a cada novo encontro nosso...

- Tia, tu vai voltar amanhã pra me ver?

- Tia, me dá um cheirinho...

- Tia, tu ainda nem me deu um abraço hoje...

- Tiiiiiiia, tu gosta de mim?

O rostinho de cada um está na minha mente o tempo todo. Todos os seus nomes estão em minhas orações. E os braços da "tia" já se preparam para nosso novo encontro, para cuidar delas com toda a dedicação, o carinho e o amor que houverem em mim. E a tia reza para que um dia (não muito distante) minhas estrelinhas encontrem outras estrelas que as queiram em seu lar particular, que não o céu.

Fica o aviso para quem tiver interessado em conhecer o abrigo e trabalhar como voluntário. A recompensa é muito, mas muuuuito especial! O Lar Doce Aconchego fica na Rua Barão do Rio Branco (rua do Gabinete da Prefeitura, perto do Terminal de Integração) no Centro de Campina Grande. Quem tiver interesse, e quiser mais informações, pode entrar em contato comigo pelo orkut ou pelo e-mail (msn): simone.morais__@hotmail.com.

A paz de Cristo a todos!