domingo, 14 de abril de 2013

4º. Domingo do Tempo Pascal – C

Podemos chamar este dia de domingo do Bom Pastor. O Evangelho nos remete a um dos salmos mais conhecidos, o Salmo 23: “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará. Em verdes prados me faz repousar. Conduz-me junto às águas refrescantes...” Devemos hoje contemplar e alimentar o nosso coração com esta imagem: somos pequenas ovelhinhas nas mãos do Pastor. Ele nos dá proteção e segurança.
No tempo de Jesus, no fim da tarde, os pastores reuniam as ovelhas em um local para passar a noite. De manhã, ao grito do pastor, todas as ovelhas se juntavam, seguindo uma voz de comando, uma espécie de senha que realizava de modo automático a comunhão do rebanho. É neste contexto que devemos entender as palavras do Evangelho: “As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem” (Jo 10, 27).
As ovelhas tem uma intimidade com o seu pastor, por isso, sua voz é ouvida e seguida. Quando duas pessoas se amam, a voz tem um poder que cria uma reação espontânea. Portanto, escutar a Palavra é algo muito mais profundo do que ler a Bíblia e entender a sua mensagem, é antes de tudo, um vínculo de amor e de seguimento.
A Palavra do Pastor é o que faz a coesão do rebanho. Aqui fica evidente o significado do termo igreja(vem de ekklesia = povo convocado). É a Palavra que convoca o Povo de Deus e é pela Palavra que somos constituímos cristãos, discípulos. Por isso, é necessária a escuta atenta à Palavra, para que o nosso coração seja fortalecido e para que saibamos quais são os caminhos que devemos andar. Além da Missa, a leitura orante da Sagrada Escritura é uma ótima oportunidade para que tenhamos intimidade com a Palavra de Deus: a melhor escuta é aquela realizada no silêncio do coração em atitude orante, na abertura do Espírito.
As ovelhas conhecem a voz do Pastor. No Evangelho de João, o verbo conhecer tem uma conotação existencial: quem conhece está em comunhão, comprometido, teve em sua vida uma mudança motivada pela fé. Portanto, escutara voz do Pastor e conhecer este mesma voz são duas ações que se complementam. O que o Bom Pastor nos pede hoje?
As ovelhas são um povo perseguido, a sua marca é a fidelidade mesmo diante das perseguições. Na 1ª Leitura, Paulo e Barnabé foram para Antioquia da Pisídia e começaram a evangelizar. Como os judeus, na sua maioria, não quiseram dar ouvidos à Boa Nova, os apóstolos começaram a pregar para os gentios. Foram expulsos da região dos judeus, mas continuaram a missão, não se deixaram esmorecer. Na 2ª Leitura, vemos uma multidão que alvejou as suas vestes no sangue do Cordeiro. Trata-se da Igreja perseguida por Domiciano, imperador romano. Esta multidão com vestes de sangue representam também todos os cristãos que deram a sua vida em nome do Senhor ou que sentiram as dores que advém da opção pela proposta de Jesus.
Diante das ameaças, o Senhor não nos abandona, pois prometeu que estaria conosco: “E Deus enxugará as lágrimas de seus olhos” (Ap 7,17).  O Bom Pastor não nos deixará sucumbir em meio a dor. Devemos seguir o caminho, mesmo que por vezes, vivamos em um vale de lágrimas, como se reza na Salve Rainha. Deus enxuga cada lágrima, ele se preocupa com a nossa dor, com a nossa tristeza, com a perseguição de suas ovelhas. Recebamos o consolo do Pastor que nos abraça.

Pe Roberto Nentwig


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