quinta-feira, 10 de novembro de 2011

No coração da Igreja eu serei o amor

Não obstante a minha pequenez, quereria iluminar as almas como os Profetas, os Doutores, sentia a vocação de ser Apóstolo... Queria ser missionário, não apenas durante alguns anos mas queria tê lo sido desde o princípio do mundo e continuar até à consumação dos séculos. Mas acima de tudo, ó meu amado Salvador, quereria derramar o sangue por Vós até à última gota.

Porque durante a oração estes desejos me faziam sofrer um autêntico martírio, abri as epístolas de São Paulo a fim de encontrar uma resposta. Casualmente fixei-me nos capítulos XII e XIII da primeira epístola aos Coríntios; e li no primeiro que nem todos podem ser ao mesmo tempo Apóstolos, Profetas, Doutores, etc... que a Igreja é formada por membros diferentes e que os olhos não podem ao mesmo tempo ser as mãos. A resposta era clara, mas não satisfazia completamente os meus desejos e não me trazia a paz.

Continuei a ler e encontrei esta frase que me confortou profundamente: Procurai com ardor os dons mais perfeitos; eu vou mostrar-vos um caminho mais excelente. E o Apóstolo explica como todos os dons mais perfeitos não são nada sem o amor e que a caridade é o caminho mais excelente que nos leva com segurança até Deus. Finalmente tinha encontrado a tranquilidade.

Ao considerar o Corpo Místico da Igreja, não conseguira reconhecer-me em nenhum dos membros descritos por São Paulo; melhor, queria identificar-me com todos eles. A caridade ofereceu-me a chave da minha vocação. Compreendi que, se a Igreja apresenta um corpo formado por membros diferentes, não lhe falta o mais necessário e mais nobre de todos; compreendi que a Igreja tem coração, um coração ardente de amor; compreendi que só o amor fazia atuar os membros da Igreja e que, se o amor viesse a extinguir-se, nem os Apóstolos continuariam a anunciar o Evangelho nem os mártires a derramar o seu sangue; compreendi que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo e que abrange todos os tempos e lugares, numa palavra, que o amor é eterno.

Então, com a maior alegria da minha alma arrebatada, exclamei: Ó Jesus, meu amor! Encontrei finalmente a minha vocação. A minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, e este lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes: no coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o amor; com o amor serei tudo; e assim será realizado o meu sonho.

Santa Teresa do Menino Jesus

Um comentário:

  1. Ótimo post!

    Alguns autores concluiram daqui que a vida cristã consiste na observancia dos preceitos, e a perfeição nos conselhos. É maneira de ver as coisas um tanto superficial, e que, mal compreendida, levaria a consequências funestas. Em realidade, a perfeição exige primariamente o cumprimento dos preceitos, secundariamente a observancia dum certo numero de conselhos.

    É esta sem duvida a doutrina de Santo Tomas Depois de ter provado que a perfeição não é senão o amor de Deus e do próximo, conclui que na pratica consiste essencialmente nos preceitos, entre os quais o principal é o da caridade, e secundariamente nos conselhos, que todos se referem igualmente a caridade, pois removem os obstaculos que se opoem ao seu exercício.


    Assim pois, amar a Deus e ao próximo por Deus, e saber sacrificar-se, para melhor cumprir estes preceitos e os conselhos que lhe dizem respeito, cada qual segundo o seu estado, eis a verdadeira perfeição
    (mais em: http://razoavelcrer.blogspot.com/2011/11/perfeicao-consiste-nos-preceitos-ou-nos.html)

    Anizio Filho
    Paz e Bem!

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário, ele é muito importante para nós xD